Os primeiros passos para deixar de ser obeso - parte 2
Outra diferença entre ser e não ser obeso é o modo como o organismo funciona. É muito diferente!
Um dos princípios fundamentais que estamos programados para perseguir constantemente é a homeostasia. Segundo a wikipedia, a homeostasia “é a propriedade de um sistema aberto, especialmente dos seres vivos, de regular o seu ambiente interno, de modo a manter uma condição estável mediante múltiplos ajustes de equilíbrio dinâmico, controlados por mecanismos de regulação inter-relacionados”.
Traduzindo, adaptamo-nos às condições do ambiente em que nos encontramos, de modo a que mantenhamos um equilíbrio estável.
Quando temos muito peso para perder, o nosso organismo adapta-se a essa realidade, ajusta-se às condicionantes existentes, particularmente a nível cerebral e hormonal.
Dietas ricas em hidratos de carbono processados, mesmo quando rotulados como “saudáveis” ou “light”, originam alterações neurológicas que se assemelham ao efeito que drogas têm no cérebro. Sim, o “açúcar” tem um efeito cerebral semelhante à cocaína! Não só origina um fenómeno de excitação como também de dependência.
Claro está, tal como acontece com outras drogas, com o passar do tempo e do consumo e da exposição contínuos, vai-se instalando uma dependência cada vez maior.
Já para não falar do efeito que esse consumo tem nos níveis de insulina e a leptina, dois agentes centrais no controlo da massa gorda e do apetite. Com o aumento do peso, a acumulação de gordura e o desenvolvimento da obesidade, origina-se um fenómeno de resistência do nosso organismo a ambas: como os seus níveis estão constantemente altos, a capacidade das diferentes células “ouvirem”, receberem a sua “mensagem” e agirem de forma eficaz e saudável fica diminuída. A resposta do organismo é a esperada: aumentar o volume da "mensagem”, produzindo cada vez mais insulina e leptina, dando origem a um ciclo.
Este ciclo tem inúmeros impactos na obesidade, desde aumentar a mensagem para que a gordura seja acumulada como alterar por completo o controlo do apetite!
É como juntar gasolina ao fogo! Temos uma necessidade física de comer hidratos de carbono, evitando uma “ressaca”. Mas esse consumo perpetua a resistência à insulina e à leptina. O que cria e alimenta outro ciclo!
Estas são algumas das razões pelas quais os planos de emagrecimento mais comuns, baseados na controlo da quantidade que se come, falham facilmente. Não têm em consideração que as escolhas que fazemos, quando somos obesos, não são totalmente voluntárias ou racionais. Não se adaptam à realidade cerebral, endócrina e metabólica de um estado de obesidade.
Qual é então o melhor plano?
O ideal seria conseguir activar a perda de peso de forma rápida, criando o feedback positivo e mantendo os níveis de motivação, usando uma estratégia que seja possa ser eficaz mas que não perturbe o equilíbrio instável cerebral e hormonal. Consegui-lo é o melhor dos dois mundos!
E é possível conseguir se se começar por reduzir as células que constituem mais de 40% do tecido adiposo: os macrófagos e outras células imunitárias.
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