A explicação errada da Obesidade
A explicação mais comum para a obesidade é de que quem é obeso come a mais e gasta a menos, acumulando energia sob a forma de gordura. Porque continua a comer energia a mais do que a que gasta, é incapaz de perder peso. E enquanto assim for, não vai conseguir deixar de ser obeso.
Os obesos, por norma, comem e bebem demais, independentemente do que seja. A minha namorada diz-me que, para mim, o mínimo era comer por duas pessoas e, depois, talvez mais qualquer coisa. Sentia uma necessidade incontrolável de comer mais e mais, até ficar manifestamente cheio.
Não posso negar este ponto.
Mas simplificar o aumento de peso ao resultado da diferença entre as calorias que entram e as que saem reduz a obesidade à preguiça e à gula.
É o mesmo que dizer “os obesos são preguiçosos e gulosos, são obesos porque querem. Se quisessem mesmo perder peso, deixavam de ser preguiçosos e gulosos e conseguiam!”.
Não é verdade!
Nunca nenhum obeso acordou de manhã a pensar “está um belo dia para continuar a aumentar de peso”.
Esta narrativa da "preguiça e da gula” é demasiado comum e convence-nos que temos que comer menos e exercitar-nos mais para perder peso. E tentamos. Mas não conseguimos: não conseguimos controlar o apetite e não conseguimos exercitar-nos tanto que compense o que comemos. E desistimos, voltando ao ciclo de ganho.
Não porque não queremos mas porque não conseguimos. É uma diferença brutal!
Por um lado, perder peso com base num aumento de exercício é praticamente impossível. Qualquer pessoa que já tenha estado numa passadeira de ginásio a correr sabe que o número de calorias que se gastam é muito baixo. Não faz sequer sentido.
Por outro lado, o controlo do apetite não é totalmente voluntário mas sim hormonal. É acima de tudo o resultado do equilíbrio entre insulina e leptina. Em quadros de obesidade, o efeito fisiológico de ambas as hormonas está muito alterado. Há resistência à insulina (aumentando os seus níveis e, por essa razão, aumenta-se o estímulo para produzir gordura a partir de hidratos de carbono) e também há resistência à leptina, o que significa que o organismo deixa de ser tão sensível à sua acção.
Se tivermos em consideração que a leptina é parte extremamente importante no controlo do apetite, não é preciso ser o melhor detective do mundo para perceber que, se um obeso é resistente à sua acção, a sua capacidade de controlo no apetite vai estar reduzida!!!
Reparem:
Aumentar o exercício não é eficaz para criar o défice energético que é defendido como a solução para a obesidade.
O controlo do apetite num obeso não é apenas função da força de vontade, do querer ou da motivação.
Então, como se pode apontar o dedo e dizer que se é obeso porque se é preguiçoso ou guloso nem se deixa de ser obeso combatente a preguiça e a gula?! Não foi assim que eu consegui vencer a batalha, não é assim que vai conseguir.
Para conseguir vencer a obesidade, pare de achar que é por ser preguiçoso ou guloso. Não é.