Os primeiros passos para deixar de ser obeso - parte 4

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Deixar de ser obeso começa no intestino.

Parece uma verdade de La Palice, dado que é pelo intestino que a comida é absorvida… mas o seu impacto vai muito para além disso.

Em qualquer local que exista tecido imunitário organizado podem ser produzidos os mediadores que queremos controlar e diminuir.

Quanto maior a quantidade de células imunitárias presente, maior o potencial da sua produção, atirando mais gasolina para o “fogo da inflamação”.

Se tivermos em consideração que 70% de todo o tecido imunitário, de todas as células imunitárias estão, em condições normais, localizadas no intestino, por onde é que acha que deveríamos começar?

Parece novamente elementar, meu caro Watson!

Um dos tecidos que constitui o intestino é denominado GALT (gut-associated lymphoid tissue) onde estão localizada a maior fatia de todas as nossas células de defesa.

O intestino é o maior ponto de contacto que temos com o meio que nos rodeia, bastante superior à pele: quando esticado tanto quanto possível, estima-se que a superfície possa ser semelhante à de um corte de ténis.

O papel do GALT é garantir a nossa segurança monitorizando o que vai acontecendo dentro e fora do intestino:

  1. que nutrientes existem e se são benéficos para serem absorvidos,

  2. que bactérias fazem parte da comunidade do microbioma intestinal,

  3. se há partículas com potencial agressor,

  4. infecções provocadas por parasitas ou leveduras, …

É a nossa primeira linha de defesa.

Quando encontra alimentos, fragmentos de alimentos ou moléculas que considera como sendo ou tendo potencial de serem agressores, desenvolve uma reacção de defesa.

Essa reação de defesa é uma reacção inflamatória, com tudo o que isso implica: há um aumento local de mediadores inflamatórios que “chamam” células de defesa específicas responsáveis por aniquilar o agressor, seja uma bactéria, uma molécula alimentar ou uma toxina.

Após a ameaça ser eliminada, tudo volta ao normal.


O problema começa quando a ameaça volta.

Quando as mesmas partículas, as mesmas moléculas, os mesmos compostos que originaram a reacção inicial continuam a chegar ao intestino, as mesmas reacções vão sendo activadas.

Mas, como a sua repetição vai chegar um momento em que a produção local dos mediadores inflamatórios vai ser de tal forma contínua e elevada que estes entram em circulação.

Começa assim a alimentar, aumentar e perpetuar o estado de inflamação sistémica.

Esses mediadores são os mesmos que alimentam as células imunitárias que estão na gordura, induzindo uma maior produção de inflamação local que acaba por aumentar o tamanho e volume dos adipócitos.

Este é o papel que o intestino tem na fase inicia da perda de peso: diminuir a inflamação sistémica, diminuir a gasolina que é deitada na inflamação e que alimenta directamente 40% das células presentes na gordura e, indirectamente, todas as outras.

É muito mais importante o que não comemos, do que o que comemos, ou quando ou ainda quanto.

Devemos eliminar da dieta os alimentos que têm um maior potencial de originar uma reacção imunitária por parte do GALT.

É tão “simples” quanto isso!

(...)

 
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