FAQs

É necessário fazer-se o Protocolo Coimbra com supervisão médica?

Sim! Nunca é demais enfatizar este ponto: apesar de aparentemente simples, o Protocolo Coimbra deve ser sempre realizado sob vigilância médica. É infelizmente frequente recebermos na sua consulta casos de pessoas que, corajosamente, iniciaram o processo terapêutico sozinhas, ou seguindo apenas aconselhamento online, e que acabam por não ter sucesso ou, pior, apresentam alterações que indicam toxicidade. Não vale a pena arriscar!

Por outro lado, a longa experiência que a equipa clínica de Dra Cristina Sales - Medicina Funcional Integrativa tem com o Protocolo Coimbra, permitiu chegar a uma conclusão: um dos principais factores que influencia o sucesso do tratamento, e que apenas um clínico treinado nesta terapia pode oferecer, é a tranquilidade e a segurança de se sentir acompanhado em cada passo do protocolo, ter um contacto directo com quem sabe e pode tirar as dúvidas que surgem naturalmente com este processo. Não precisa de assumir todas as decisões inerentes ao Protocolo Coimbra. Está já de parabéns por saber que há outras formas de combater a doença!

Todas as doenças autoimunes podem ser ajudadas com o Protocolo Coimbra?

Em teoria, todas as doenças autoimunes partilham da mesma base de desregulação da função imunitária, com processos autoimunes activos que serão causados por uma função não ótima celular. A essa função não ótima está associada a resistência aos efeitos da vitamina D e a necessária toma de altas doses de vitamina D para a compensação. Os diagnósticos mais comuns são esclerose múltipla, mielite transversa, artrite reumatóide, artrite idiopático juvenil, espondilite anquilosante, lupus eritematoso sistémico, doença de Crohn, colite ulcerosa, psoríase, vitiligo, alopecia areata e tiroidite de Hashimoto. A melhoria clínica pode ser conseguida em todas elas.

doença de Graves apresenta características particulares que obrigam a um cuidado redobrado. Quando activa e não controlada, esta doença cria um estado de hipertiroidismo clínico (níveis elevados da hormona tiroidea). Este estado não é compatível com o Protocolo Coimbra pois está libertar para a circulação sanguínea níveis elevados de cálcio. Esse aumento pode induzir situações de toxicidade. Para os evitar, portadores de doença de Graves só poderão iniciar a toma de altas doses de vitamina D após a função tiroidea estar controlada com medicação específica. Deverão recorrer a um endocrinologista para que possa fazer o controlo e, então sim, controlar a autoimunidade e a doença.

É necessário suspender a medicação convencional e o seguimento clínico convencional?

Não! Não é necessário: fazer a farmacoterapia convencional não está associada a diminuição da eficácia terapêutica do Protocolo Coimbra, com excepção do grupo farmacológico conhecido por anticorpos monoclonais. Neste caso, numa taxa imprevisível, a terapia convencional pode diminuir considerável o efeito na vitamina D, comprometendo o seu sucesso. Não se trata de um risco maior de toxicidade ou de qualquer reacção nefasta para o organismo, apenas uma diminuição do efeito terapêutico da vitamina D.

Qual a evolução dos sintomas? Quando é que é possível sentir melhorias?

A evolução clínica é altamente variável e depende do caso concreto. Nos casos mais extremos, as melhorias podem ser sentidas ao fim de uma a duas semanas ou ao fim de 2 anos. Apesar desta variabilidade, é previsível que a melhoria comece a ser sentida nos primeiros 7 a 8 meses do tratamento. Só ao fim deste período é possível ter alguma "certeza" (dentro do que a certeza significa em Saúde) que a vitamina D estará a fazer o seu efeito máximo. Ou seja, as respostas imunitárias estarão desligadas e o processo de base da doença estará controlado.

No que toca aos sintomas, as melhorias mais rápidas costumam ser sentidas ao nível da fadiga e da intolerância ao calor. Isto porque estes sintomas são consequência da actividade autoimune e do estado inflamatório do indivíduo. Quanto a doença fica desligada, há uma melhoria considerável nestes parâmetros.

Então o Protocolo Coimbra leva a que todos os sintoma desapareçam?

Infelizmente não é possível dizer que simA recuperação sintomatológica depende da duração dos sintomas. Com o Protocolo Coimbra é possível recuperar os sintomas que são causados pelo processo autoimune e pela inflamação do orgão / tecido alvo. Contudo, se a duração do processo autoimune tiver causado dano estrutural, "cicatrizes" (diferentes consoante a doença e o orgão afectado), então esses sintomas não serão melhoráveis.

De forma geral, podem ser definidos dos timings para avaliar a possibilidade de recuperação dos sintomas:

  • Sintomas com duração inferior a 1 ano têm uma forte possibilidade de vir a melhorar de forma muito substancial;

  • Sintomas com duração entre 1 e 5 anos têm uma evolução muito variável: há registos de melhorias completas em sintomas com cerca de 5 anos de existência e, por outro lado, melhorias incompletas com sintomas com 1 ano e meio de evolução

  • Sintomas com duração superior a 5 anos dificilmente sofreram melhoria marcada. Não significa que não possam melhorar, mas não é crível que venham a melhorar totalmente.

Nestes não entram os sintomas de fadiga e de intolerância ao calor, que não são causados pelo atingimento que qualquer orgão mas sim pela existência da doença autoimune.

Qual a evolução das ressonâncias magnética nucleares (RMN) na esclerose múltipla?

Felizmente, é possível ver a diminuição da carga lesional da esclerose múltipla com a acção do Protocolo Coimbra nas RMN. No entanto, não podemos prever quando isso acontecerá. Varia de pessoa para pessoa, particularmente com a duração da existências das lesões e/ou sintomas: quanto mais antiga a lesão, menos provável de vir a desaparecer.

A interpretação das imagens de RMN deve ser feitas com algum cuidado. É preciso ter em consideração que, por norma, a Vitamina D só atinge o seu efeito terapêutico e biológico máximo 2 a 3 meses após o ajuste da dose de vitamina D, ajuste esse realizado na segunda consulta (ao fim de 5 a 6 meses de tratamento), se necessário. Isto significa que só a partir do momento em que a Vitamina D atinge o efeito pretendido é que o processo imunológico patológico se encontrará desligado, logo novas lesões não serão criadas. Por outro lado, durante os primeiros meses de tratamento, enquanto o organismo não se encontra totalmente protegido, é possível que surjam novas lesões (não se esqueça, por esta altura as alterações do funcionamento do sistema imunitário responsáveis pela doença autoimune estão activas).

Assim, se uma RMN realizada no final do primeiro ano do Protocolo Coimbra for comparada com uma RMN anterior ao seu início, pode revelar novas lesões ou vir relatada como "evidência de progressão da doença" ou "da carga lesional". Isso não significa que o Protocolo Coimbra não esteja a fazer efeito ou que a doença tenha efectivamente progredido. Verifique também se as lesões estão activas (ou seja, se captam contraste de galodínio) ou não. Esta captação de contraste é uma característica apenas das lesões activas. Não captando, não estão activas.

Caso o relatório da RMN traga notícias menos boas, a primeira pergunta que deverá fazer é: "Sinto-me melhor? A doença está a progredir?". Esse é o principal marcador de sucesso, é o que realmente interessa: a melhoria da qualidade de vida e a diminuição da doença e dos seus sintomas.

Há algum limite de idade para fazer o Protocolo Coimbra?

Não. As idades dos doentes por nós acompanhados variam desde os 16 e os 88 anos. A grande questão é qual a garantia que a pessoa dá de que cumprirá escrupulosamente as indicações alimentares e de hidratação? Existindo esse compromisso, então há condições para iniciar o Protocolo.

É um tratamento tóxico ou perigoso?

Não. Veja uma explicação no final da apresentação do Protocolo Coimbra. De uma forma sucinta, não há efeitos tóxicos associados à Vitamina D que não seja através do aumento dos níveis sanguíneos de cálcio. Isto significa que é fundamental manter um controlo rigoroso do consumo do cálcio e da capacidade do organismos eliminá-lo. Para tal, basta seguir a seguintes indicações:

1. Dieta - deverá manter uma alimentação livre de

a. Lácteos (ou bebidas vegetais enriquecidas com cálcio). 

b. Frutos secos e sementes

c. Sumos de vegetais verdes (os vegetais "integrais" podem ser ingeridos. A questão é o aumento da concentração de cálcio quando se transforma os vegetais em sumo: imagine a quantidade de espinafres que é necessário espremer para obter um copo de sumo!)

2. Hidratação - deverá ingerir diariamente um mínimo de 2,5 litros de líquidos por dia, incluindo água, chá, café e sumos (não-gaseificados ou açucarados).

É obrigatório cumprir a dieta e a hidratação?

Absolutamente! É impossível garantir a segurança do Protocolo Coimbra se não houver um cumprimentos rigoroso das recomendações. Todos os casos de toxicidade existentes no mundo acontecerão porque não houve um cumprimento rigoroso da dieta e/ou da hidratação. Não é possível dizer de outro modo: para integrar o Protocolo Coimbra é obrigatório o cumprimento das recomendações.

É preciso evitar o consumo de cálcio?

Não. Apenas o existentes nos alimentos referidos. De facto, é preciso manter um consumo mínimo de cálcio para que todo o equilíbrio sistémico entre a Vitamina D, a paratormona, a saúde óssea e muscular se mantenham. Não é necessário um escrutínio exaustivo dos rótulos e constituições nutricionais dos alimentos que consome à procura de cálcio. Basta evitar os alimentos referidos.

Produtos alimentares que refiram a possibilidade de conterem vestígios de frutos secos, sementes ou lácteos são um problema?

Não. Esses avisos destinam-se a alertar pessoas que sofram de alergias a esses alimentos. Não existe um aumento da quantidade de cálcio nesses produtos, pelo que podem ser consumidos.

Quais os sintomas de uma possível toxicidade?

O sintoma mais precoce de um possível aumento dos níveis de cálcio no sangue é a sede. Mas atenção: ter sede é diferente de ter a boca seca. Esta última é o que ocorre, por exemplo, após uma longa conversa, um discurso em público ou um período de maior stress. Não é esse o sintoma que deve gerar preocupação. Sede, neste contexto, refere-se à necessidade contínua de beber grandes quantidades de água para satisfazer a ânsia que estará a sentir. Quando assim for, particularmente quando acompanhada de náusea, deve suscitar preocupação.

Nesse caso, o que terá a fazer é medir a quantidade de cálcio que o seu organismo estará a libertar, através de uma análises chamada calciúria de 24h. É o método mais simples e sensível para averiguar se a causa da sua sede se deve aos efeitos do excesso de cálcio.

Poderá verificar por si se está em segurança ou não. O limite máximo da concentração de cálcio na urina de 24h é 250mg por litro (ou 6,2mmol por litro, dependendo das unidades). Assim, bastará conferir o seu resultado com este valor e verificar se está alto de mais ou não.

De salientar um ponto: o modo como os resultados da análise são enviados podem induzir em erro. Deixe-me dar-lhe um exemplo:

Os resultados são apresentados habitualmente com este figurino:

Cálcio - 400 mg/24h

Volume urina - 2000ml/24h

Aparentemente, o valor de cálcio estará acima do limite. Contudo, o que realmente interessa confirmar não é a quantidade total de cálcio produzida em 24 horas mas sim a concentração de cálcio na urina. Repare, o valor limite refere 250mg por litro de urina.

Assim, deverá calcular qual a concentração da análise. Para tal, deverá fazer converter o volume de urina para litros e dividir a quantidade de cálcio pelo número de litros:

1. Cálcio - 400 mg

    Volume urina - 2000ml = 2 litros

2. Cálcio / Litro de urina - 400 mg / 2 litros = 200mg por litro

Pode assim verificar que, apesar da quantidade total de cálcio ser aparentemente alta, a concentração se encontra dentro do limite definido.

Tenho a calciúria de 24h superior ao limite. O que devo fazer?

Caso constate que o limite foi efectivamente superado, deverá:

1. Parar a toma da Vitamina D durante 3 dias, e após esse período

2. Retomar a toma da Vitamina D numa dosagem inferior 10.000UI a 20.000UI por dia face à dose que estava a fazer antes. Por exemplo, se estiver a tomar 60.000UI por dia, deverá retomar com 50.000UI por dia. Se estiver a tomar 100.000UI por dia, deverá retomar com 80.000UI por dia.

Deverá então manter a nova dose até ter uma nova consulta de seguimento do Protocolo Coimbra.

Este processo poderá ser repetido as vezes que forem necessárias até conseguir ajustar a dose à sua sensibilidade específica. A partilha desta informação tem o objectivo de lhe dar todas as ferramentas que precisa para, em qualquer momento, poder verificar se está em segurança e dentro dos níveis não-tóxicos, não ficando dependente de um contacto médico para o fazer. 

Eu tenho a certeza que estou a cumprir as recomendações alimentares e de hidratação e ainda assim tenho a calciúria acima do limite. O que poderá ser?

Na nossa experiência no acompanhamento de situações como esta, a principal culpada é a concentração de cálcio na água que estará a ingerir. Deverá confirmar esse ponto. A concentração de cálcio na água deverá ser tão baixa quanto possível, preferencialmente inferior a 25mg por litro.

É necessário seguir uma alimentação sem glúten? Existem outras restrições alimentares?

Não é necessário a adoção de uma alimentação restrita no que toca ao glúten. O efeito terapêutico da vitamina D, quando esta está optimizada, deverá sobrepor-se aos efeitos inflamatórios descritos associados ao consumo de cereais. Exceptuando quem sofre de doença celíaca, que devem manter-se numa dieta sem glúten permanentemente, é possível ingerir glúten sem que isso signifique um aumento dos parâmetros inflamatórios e do status da doente. Por norma, não temos verificado de forma consistente a melhoria da evolução clínica de quem conjuga uma dieta sem glúten com o Protocolo Coimbra. Por outro lado, não há razão para ingerir alimentos que causam mal-estar.

É um tratamento para toda a vida?

Provavelmente. Neste momento não é possível saber em que situações ou quais são os critérios clínicos que permitem garantir que os processos autoimunes se encontram permanentemente desligados. A utilização das altas doses de vitamina D no Protocolo Coimbra têm como objectivo a "correcção" de uma particularidade genética, que está na base da patologia. É uma forma de ultrapassar a resistência causada pelos SNP's no metabolismo da vitamina D e garantir a melhor função possível das células imunitárias. Por essa razão, e tendo em conta que não se sabe ser possível alterar esses polimorfismos genéticos, a toma da vitamina D deve manter-se até se poder garantir a inactivação permanente das respostas imunitárias associadas às doenças autoimunes.

Quando são feitos os controlos clínicos?

A primeira fase do Protocolo Coimbra dura cerca de 2 anos, durante os quais estão preconizadas 4 consultas médicas: a inicial, a segunda ao fim de 5 a 6 meses, a terceira após o primeiro ano de tratamento e a quarta no fim do segundo ano de tratamento. Para essas consultas é necessário ter sempre um estudo analítico completo, para que seja possível aferir a eficácia terapêutica, a segurança do tratamento e controlar a evolução clínica. Para além das análises de sangue e urina, é necessária a realização anual de uma osteodensitometria e, se possível, uma ressonância magnética nuclear. Após os primeiros 2 anos de tratamento, os controlos passam a ser feitos de 2 em 2 anos e, mais tarde, de 5 em 5 anos. Em situações especiais e pontuais, pode ser necessária uma frequência de consultas e/ou controlos analíticos maiores, de acordo com a situação clínica.

Só é necessário tomar a vitamina D? Ou há outros suplementos que deverão ser tomados?

Sim, há. Apesar da vitamina D ser a principal responsável pela melhoria clínica, existe uma lista de suplementos que são altamente aconselhados. Permitirão diminuir a componente inflamatória sistémica existente de forma mais rápida, ajudando a recuperar tanto quanto possível o dano causado pela autoimunidade - recuperação celular - e maximizando a absorção e efectividade da vitamina D.

Os suplementos e as doses preconizadas poderão variar entre casos. No entanto, estes são os mais habitualmente prescritos:

  • Omega 3, EPA/DHA, 500 a 1000mg 4 x dia

  • Vitamina B2, 50 a 100mg 4 x dia

  • Magnésio, 1000mg dia, podendo ser administrada sob diferentes formas

Nessa lista de suplementos não está incluída a vitamina K2. Apesar de ter sido testado há vários anos no Protocolo Coimbra, foi eliminada porque, ao contrário do que acontece quando se tomam doses mais baixas (± 10.000UI por dia), o seu efeito não se faz notar quando se toma altas doses de vitamina D. Outro composto não incluído é a Naltroxona em Baixas Doses (Low-Dose Naltroxone, ou LDN). No caso deste, nunca terá sido testada com parte do Protocolo Coimbra e, apesar de alguns relatos de benefícios com a sua toma, não temos verificado que exista um efeito suficientemente reprodutível que aconselhe o seu uso.

A minha dose de Magnésio anterior é bastante inferior. Há algum erro? Há algum efeito lateral associado a uma dose tão alta de Magnésio?

Não há erro. A dose foi aumentada no início de 2017 por Professor Cícero Coimbra. Tem como objectivo a maximização da absorção intestinal de vitamina D, a melhoria da saúde óssea e da saúde muscular (muitos dos sintomas espásticos que são apresentados têm sido melhorados e até resolvidos com este ajuste na dosagem de Magnésio).

Quanto aos efeitos laterais, as alterações negativas associadas às altas doses de Magnésio são gastrointestinais. Pessoas mais sensíveis ou menos tolerantes ao Magnésio tendem a sofrer de alteração da consistência das suas fezes, passando a muito moles ou mesmo diarreia. Nesses casos, deverá diminuir gradualmente a dose de Magnésio que está a tomar, até encontrar o ponto de equilíbrio entre a dose máxima tolerada e a saúde intestinal.